Recém-criada, a ONA começou a atuar de um escritório em Brasília (DF). Formada por um Conselho de Administração composto por diferentes entidades do setor de saúde e alguns poucos funcionários responsáveis pelo dia a dia da operação, a entidade tinha um grande desafio pela frente: levar a cultura da qualidade ao conjunto das instituições de saúde do País.
Para isso, a organização contou com o trabalho fundamental das Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs), responsáveis por oferecer capilaridade necessária à expansão do sistema e, ao mesmo tempo, promover e executar de forma eficiente a metodologia do Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA).
“Uma única organização, em um País com dimensões continentais como o nosso, não teria condições de fazer avaliação no grande número de organizações existentes. Temos no Brasil quase 7 mil hospitais, 12 mil laboratórios, entre tantas outras organizações de saúde”, analisa Péricles Góes da Cruz, superintendente técnico da ONA. “Com essa premissa, foi estabelecida pela ONA a criação de Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs)”, completa.
Desde o começo, as IACs têm funcionado como a representação da ONA no setor de saúde. São elas as responsáveis pelo diagnóstico, pela execução das tarefas, por aferir e certificar as instituições conforme as diretrizes do SBA, por capacitar os avaliadores que realizam o trabalho em campo.
O relacionamento é uma via de mão dupla, pois são as IACs que reportam à ONA o que está acontecendo no mercado, com sugestões para a evolução do sistema. “Elas têm responsabilidade mercadológica na busca pelo cliente e na identificação de novos nichos de acreditação”, analisa Maria Carolina Moreno, que atuou de 2011 a 2016 na ONA exercendo os cargos de Relações Institucionais e superintendente. Partiram das IACs, por exemplo, as ideias de trabalhar metodologias como a de pronto atendimento e atenção domiciliar.
Parceiros de longa data
Logo nos anos 2000, a ONA começou a credenciar as certificadoras. As pioneiras foram: Fundação Carlos Alberto Vanzolini, Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS), Instituto de Planejamento e Pesquisa para Acreditação em Serviços de Saúde (IPASS), Det Norske Veritas Germanischer Lloyds (DNV/GL) e o então Instituto Qualisa de Gestão, hoje IQG Health Services Accreditation, que estão com a ONA até hoje.
Algumas dessas certificadoras foram compostas pelos profissionais dos grupos regionais sobre qualidade e acreditação que surgiram no País durante os anos 1990 e foram reunidos, posteriormente, pelo Ministério da Saúde com o objetivo de elaborar o sistema de acreditação nacional.
Esse é o caso do IPASS, no Paraná, organização sem fins lucrativos formada por conselhos, associações e autarquias, que foi a primeira certificadora credenciada pela ONA. “O grupo que formava o IPASS participou ativamente da formação da ONA”, comenta Fábio Motta, vice-presidente do instituto. O instituto é responsável pelo certificado nº 1 da ONA, quando chancelou os processos de qualidade do Hospital Antônio Prudente, localizado em Fortaleza (CE), como ONA nível 1, no dia 1o de fevereiro de 2001.
Outro exemplo é o IAHCS, no Rio Grande do Sul, que ainda nos anos 1990 editou uma das primeiras publicações acerca do tema, o livro “Acreditação Hospitalar, proteção dos usuários, dos profissionais e das instituições de saúde”, de autoria de Antonio Quinto Neto e Fábio Leite Gastal, que participaram ativamente do grupo de estudo sobre o tema em Porto Alegre na época. Para se ter uma ideia, a equipe do IAHCS, antes da existência da ONA, chegou a avaliar 15 hospitais e certificou cinco deles com o Selo Qualidade RS, em 1998, de acordo com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade.
“Era uma conjugação entre o Prêmio Nacional da qualidade e acreditação. Nós fizemos a união desses dois pontos, juntamos esses dois sistemas”, recorda Sérgio Ruffini, atual coordenador do IAHCS, que na época já atuava como professor do Instituto e participou ativamente dos estudos do grupo local.
Assim, quando a ONA é fundada, o IAHCS se credencia como certificadora, conforme atesta o site do instituto: