Como Gerir e Engajar o Corpo Clínico foi tema do webinar realizado no dia 25 de março no Youtube da ONA.
A ONA está
promovendo, em conjunto com especialistas, uma série de Webinars que irão
trazer temas atuais e de alto impacto no setor saúde. Você terá a oportunidade
de participar de debates incríveis e ouvir sobre estratégias, aprendizados,
benefícios e desafios da acreditação com quem vive no dia a dia, às
organizações de saúde. Nada mais justo que dividirmos os aprendizados da
acreditação ao longo dos 23 anos de história da ONA.
No webinar, a
especialista Ana Julia trouxe na prática como gerir e engajar o Corpo Clínico.
Confira os
principais pontos discutidos a seguir:
7 passos para
engajar o corpo clinico
A dificuldade de engajamento do corpo
clínico é, sem dúvidas, um dos maiores e mais complexos desafios da gestão de
hospitais e clínicas e acredito que todos os gestores da área da saúde,
precisarão enfrentá-lo para alcançar bons resultados.
Os problemas repetem-se, nos diferentes
tipos e tamanhos de serviços de saúde, em diferentes regiões do país e muitos
gestores acabam procurando por uma solução mágica, como se ações isoladas
fossem resolver o problema. Esta situação me faz lembrar da já conhecida
citação que “Para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante
e completamente errada”.
Assim, com base em valiosas lições que
aprendi no dia-a-dia de 10 anos de experiência em gestão, e com intuito de
auxiliar os gestores nessa difícil tarefa, proponho aqui 7 passos para aumentar
o engajamento do corpo clínico.
PASSO 1 - Alinhar objetivos entre
membros da alta liderança
É o passo mais importante. Diria que é
a semente do engajamento do corpo clínico. Se a liderança executiva não entende
a importância da governança clínica e do relacionamento com o corpo clínico e
por outro lado, a liderança médica não entende a importância da
profissionalização da gestão e do cenário financeiro do hospital, o conflito e
falta de alinhamento é inevitável.
Daí para frente teremos lideranças e
times inteiros desconectados, o que é comum em muitos hospitais. Entender o
outro lado e alinhar objetivos é fundamental e o exemplo deve vir da alta
liderança.
PASSO 2 - Incluir o corpo clínico na
construção do planejamento estratégico
As ideias e sugestões do corpo clínico
devem ser ouvidas e contempladas na elaboração do planejamento estratégico.
Parece óbvio, mas poucas instituições o fazem, deixando estas atribuições
apenas para o conselho ou membros de diretoria.
Os profissionais do corpo clínico
apresentam ideias com alto potencial de gerar valor ao hospital, além disso, a
participação deles facilitará o desdobramento e implementação do planejamento
como um todo, pois compreenderão mais facilmente o propósito deles na
instituição.
PASSO 3 - Garantir um perfil adequado
de liderança médica
Você conhece o perfil clássico de um
bom líder? Então, aqui essa questão apresenta dimensões ainda maiores, sabe por
quê?
Os profissionais do corpo clínico têm
pouco tempo, muitas vezes não são funcionários do hospital e só irão utilizar
seu escasso tempo com aquilo que realmente acreditam.
Neste cenário, uma liderança
inspiradora, competente, confiável, facilitadora (não impositiva), sempre
disposta a ouvir ideias e necessidades é essencial para alcançar resultados.
Dentro de toda a complexidade da gestão
hospitalar, os médicos precisam de facilitadores dentro da instituição para o
seu aprendizado e desenvolvimento e não de “dificultadores”.
Embora alguns achem que é preciso ser
“linha dura”, liderança impositiva afasta o corpo clínico e prejudica o
crescimento organizacional.
PASSO 4 - Ter coerência estratégica
(alinhar discurso e prática)
Muito bem, o planejamento estratégico
foi realizado e os profissionais do corpo clínico foram ouvidos. Agora vem a
parte que exige mais esforço, o fazer acontecer. Nessa etapa, as promessas e
prazos devem ser cumpridos. Processos devem ser bem planejados e implementados.
Tenha atitudes e decisões conexas com a estratégia institucional.
Coerência estratégica gera confiança,
pilar fundamental para o engajamento.
PASSO 5 - Comunicar com MUITA clareza e
objetividade
Ponto fundamental.
Importante relembrar aqui o tempo
escasso dos profissionais. Se qualquer nova solicitação ou novos processos que
ele precise executar não estejam 100% claros e objetivos, a adesão cai, porque
ele não vai ter tempo (e nem motivação) para entender um processo confuso.
Os protocolos clínicos devem ser
claros, fazer sentido para os médicos e ser muito bem comunicados repetidamente
através de diferentes meios (reuniões, comunicados e educação continuada
etc..).
Se há baixa adesão do corpo clínico em
determinado processo, sugiro que este seja revisto em conjunto com TODOS os
envolvidos. Muitas vezes o problema não está no engajamento, mas na falta de
clareza.
PASSO 6 - Avaliar resultados do corpo
clínico
A avaliação de resultados não deve ser
entendida e comunicada como cobrança, mas como melhoria. O corpo clínico deve
entender que a instituição está (e tem que estar) genuinamente preocupada com
seu desenvolvimento e o desenvolvimento de seu serviço.
Lembrando que as metas devem obedecer
ao desdobramento do planejamento e ser previamente acordadas com o corpo
clínico.
Para funcionar bem, a instituição deve
investir em gestão da informação, plataformas de tecnologia, ter dados
confiáveis que possam ser desdobrados para as coordenações e para o corpo
clínico individualmente, o que hoje, ainda é um cenário difícil para muitos
serviços de saúde.
É importante lembrar de dar feedbacks
positivos e negativos ao corpo clínico, além de sugerir melhorias.
PASSO 7- Valorizar os esforços dos
profissionais
Qualquer profissional quer ser
valorizado, com o corpo clínico não é diferente. Já vi alguns hospitais com
políticas robustas de valorização de funcionários, mas nenhuma política de
valorização do corpo clínico, o que afeta consideravelmente o engajamento.
A valorização pode vir através de
reconhecimentos, bonificações/prêmios atrelados a métricas de desempenho ou até
pequenas lembranças.
Cada hospital deve definir o que é
compatível com as suas possibilidades, mas não deve deixar de valorizar.
A foto que coloquei nesse artigo é do
programa médicos encantadores do Hospital Anchieta, onde todos os profissionais
do corpo clínico recebem os elogios que foram feitos por pacientes e uma
lembrança através de um membro da liderança do hospital.
Resumindo...
Como elucidado aqui no artigo, não há
fórmula mágica, mas sim diversos fatores que devem ser trabalhados de forma
sinérgica e consistente para aumentar o engajamento do corpo clínico. Se o
serviço de saúde que você trabalha está dentro deste padrão, ótimo! Se está
longe, comece aos poucos.
O importante é lembrar que em todo o
ciclo de gestão, desde o planejamento estratégico até o momento das premiações,
a instituição deve estar perto do corpo clínico, não apenas nos momentos críticos.
Confira o webinar na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=ZTcW3AqlNOo
Patrocinador:
Simeon
EPA Estratégia para Ação
(estrategiaparaacao.com.br)
Referência:
https://www.bevaluesaude.com.br/post/7-passos-para-engajar-o-corpo-clinico
Especialistas:
Ana Júlia: Médica com residência em gestão hospitalar
pelo HC (USP) e FGV e 10 anos de experiência na área. Atuou como Diretora
Executiva e Gestora Médica de hospitais públicos e privados no Brasil, onde
implementou projetos junto ao corpo clínico para obtenção de certificação ONA3.
Aprofundou estudos em experiência do paciente (Cleveland Clinic) e VBHC
(Harvard Business School). É fundadora da Be value empresa de ensino e
consultoria na área de valor em saúde