No final de 2001, a ONA, por meio de suas IACs, havia aprovado os processos de qualidade de sete hospitais em diferentes regiões do Brasil. Dois anos depois, o Hospital Anchieta (DF) é o primeiro deferido com nível pleno (ONA 2), e o Hospital Márcio Cunha é pioneiro ao conquistar o nível de excelência (ONA 3). Em 2009, dez anos depois da fundação da ONA, existiam 126 hospitais certificados nos três diferentes níveis.
Foi também nessa primeira década de atuação que a ONA passou a reconhecer outros serviços de saúde. A primeira certificação de serviços de hemoterapia ocorreu em 2002, laboratórios foram acreditados em 2003, nefrologia e ambulatórios em 2005, atenção domiciliar em 2006, e, por último, os serviços de imagem em 2007. Ao final de uma década, esses serviços totalizavam 164 certificações1 e passariam o número de hospitais.
Nesse período, a baixa adesão de hospitais à acreditação pode ser explicada tanto pelo desconhecimento acerca do assunto como pelo tempo necessário para os hospitais se prepararem para o processo. “O movimento começa muito incipiente em 2001 e 2002, até esse momento não temos um número expressivo de hospitais acreditados”, analisa Péricles Góes da Cruz, superintendente da ONA. “Eu diria que o peso mais expressivo é o da cultura que passa a ser mais assimilada. Os hospitais precisavam de um tempo de maturação e preparação para serem acreditados”, acrescenta.
Assim, aos poucos, os hospitais foram buscando a acreditação, movimento que ocorre principalmente a partir de 2006, quando o número de homologações realizadas pela ONA quase que dobra em relação ao ano anterior.
No início do movimento de acreditação, alguns fatores influenciaram os hospitais a buscarem mais informações sobre o tema e, posteriormente, a se submeterem à avaliação. Um deles foi a comparação entre os pares, a busca pelo certificado para mostrar ao mercado. O outro, a preocupação das entidades em, obviamente, “errar menos” ao aprimorar seu sistema de qualidade para conquistar o selo.
“No primeiro momento, eles entenderam que era marketing. Mas, logo em seguida, quando se implantou de fato a acreditação, os hospitais entenderam que era um programa de melhoria contínua, identificação do risco, de gerenciamento de pessoas”, analisa Rubens Covello, presidente do IQG Health Services Accreditation. “A grande sacada do movimento de acreditação é justamente o envolvimento de todos os hospitais dentro do processo de qualidade e segurança”, completa.
Em 2001, a criação da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) dá mais um impulso ao movimento ao exigir a acreditação dos interessados a se tornar um hospital associado. Na ocasião de sua fundação, na Carta de Brasília, firmada pelos dirigentes dos 23 hospitais fundadores, a qualidade está presente como um dos objetivos: “Fazer com que os ganhos com a qualidade dos seus serviços cheguem ao maior número possível de cidadãos”¹. No livro: “O Hospital – Memórias de um Brasil em Transformação”, Reynaldo Brandt, primeiro presidente da Anahp, conta como a certificação é parte dos princípios fundadores da entidade. “Naquela época, tínhamos a visão da necessidade da certificação como meta a ser atingida e, uma vez conseguida, ela seria o piso, não o teto.”²
A segunda década
Após a primeira década de atuação da ONA é que o debate acerca do tema acreditação se torna mais frequente, e iniciativas prosperam entre os agentes do setor. O resultado não poderia ser outro: o crescimento de instituições certificadas. Em 19 de junho de 2013, a ONA realiza a homologação da certificação do Laboratório Gama (ES) e alcança um novo marco em sua história: 1.000 acreditações conferidas³. Na ocasião, Luiz Plínio Moraes de Toledo, presidente da ONA, comentou:
“O número pode ser insignificante diante da quantidade de instituições existentes no País. Mas é preciso levar em conta que, quando a ONA iniciou suas atividades, há pouco mais de 13 anos, ninguém sabia o que era acreditação aqui no Brasil. Mesmo o pessoal da área de saúde não conseguia nem guardar o nome. Ou seja, começamos do zero.”⁴